quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Relações Públicas como agente de Mobilização Social

Por Helma Rodrigues e Mariana Costa
A mobilização social é uma prática que origina discussões sobre seu respectivo emprego e o próprio sentido literal do termo. Para Antônio Lino, diretor da Aracati, uma agência de mobilização social, o termo se define e se caracteriza por ser um processo educativo que promove a participação “empoderamento” de muitas e diferentes pessoas (irradiação) em torno de um propósito comum (convergência). Sendo assim a mobilização deixa de ser um evento e torna se um processo, calcado na qualidade de suas ações e freqüência das mesmas, que serão desenvolvidas por uma quantidade de pessoal, que esteja motivado, mas que alie a paixão à racionalidade para alcançar seus objetivos, que são reivindicações e projeções futuras para melhorias. A mobilização, portanto utiliza de meios comunicacionais para difundir seus ideais, mas torna-se a própria comunicação por se tratar de ser um alterador de consciência social, trabalhando num campo ideológico, e incentivado por seus adeptos com a comunicação interpessoal. Sendo assim a mobilização torna-se mais do que um movimento eventual de heroísmo tornando-se um processo cotidiano.

A partir da definição dada por Antônio Lino é possível desenvolver um perfil de profissional mobilizador, e então analisar qual é o seu diferencial no mercado de trabalho, a partir de uma comparação crítica entre este indivíduo e os profissionais contemporâneos. A atual conjuntura econômica demanda profissionais que sejam pró-ativos, e que não apenas desenvolvam tarefas, enfim, pessoas capazes de desenvolver a empresa através de suas respectivas ações. Percebe-se também que existe uma grande carência por pessoas que saibam conduzir relacionamentos de modo estável e eficiente, afim de alcançar um bem comum,ausentando-se da passividade e tornando se fomentadores de motivação. Enfim verdadeiros produtores sociais que são definidos por Bernardo Toro como pessoas ou organizações que detêm o conhecimento, a informação e a capacidade de liderar processos participativos. As organizações atuais dependem de um pessoal que possua consciência social e preocupem-se em sempre otimizar processos, relações e situações. De fato, percebe-se uma convergência paulatina das características dos profissionais atuais que estão se desenvolvendo afim de suprir esta nova demanda do mercado, mas ainda é notável o retardo da capacitação dos mesmos para tanto. Ainda que um indivíduo atenda todos os quesitos descritos neste parágrafo não é possível denominá-lo como um mobilizador social, pois para tanto se requer características peculiares. No entanto o mobilizador não é um ser que nasce predestinado a este fim, portanto existe a possibilidade de aprendê-lo, e na maioria das vezes ele se desenvolve por situações. Dentre as diversas características que contribuem para a formação de mobilizadores sociais, cita se:

• São indivíduos engajados em promover o bem social. Assim em qualquer ambiente estas pessoas estarão dispostas a contribuir de forma positiva para que melhorias sejam alcançadas para o bem grupal. E estas pessoas em todo tempo conseguem visar mudanças para tanto.

• São pessoas ativas no cenário em que se encontram.Estes indivíduos deixam automaticamente de serem meras testemunhas oculares dos fatos e literalmente “partem para a ação”.

• Pessoas determinadas e focadas. Donos de uma visão abrangente dos fatos e situações, estes indivíduos conseguem a partir desta perspectiva idealizar projetos e dirigir esforços com eficácia para a implantação dos mesmos em todos os aspectos.

• Idealizadores. Os mobilizadores sociais são pessoas munidas de um caráter ético de valores comuns e motivação, que os levam a idealizar ações, projetos e melhorias.


• São pessoas que possuem um discurso persuasivo. Portanto eles conseguem tornar um pensamento individual em pensamento comum sem infringir a liberdade de opinião de seus públicos, ou seja, sem manipulá-los.
O mobilizador social é o indivíduo capaz de desempenhar a função de gerar e manter canais de fácil acesso entre públicos e projeto, para que se estabeleçam e sejam mantidos vínculos fortes entre os mesmo. E para que estes vínculos se estabeleçam é necessário que a comunicação seja, antes de tudo, dialógica, libertadora e educativa. Dialógica, na medida em que defende uma causa de interesse mútuo, que deve ser compartilhada entre os sujeitos comprometidos com um fim único comum a todos, libertadora pois não há invasão ou manipulação do outro,e sim uma tentativa de problematizar um conhecimento sobre uma realidade concreta, para melhor compreender a realidade do fato, explicá-la e transformá-la e educativa na medida em que há mudança de atitudes e mentalidade nos indivíduos. Dessa forma o mobilizador social deve orientar os indivíduos em seus espaços de interação, criando ambientes onde as relações e interações ocorrerão através do diálogo livre entre os mesmos e o conhecimento será apreendido e reelaborado através do contexto da sociedade a qual a instituição esta inserida fazendo com que ocorra mobilização e não manipulação de interesses.

Através das características descritas, pode-se entender que o diferencial do mobilizador na estrutura sócio - econômica atual consiste em sua pro atividade , sua competência humana, e visão holística.

Considerando a Mobilização Social como um processo de comunicação é possível traçar um paralelo entre este processo e as atividades de Relações Públicas, calcando as interseções entre as áreas a partir das três dimensões comunicativas que constituem o processo de mobilização social que são, o espetáculo, a festividade e a argumentação, como cita o professor Renan Mafra em seu artigo Relações Públicas e Mobilização Social: a construção estratégica de dimensões comunicativas.

O RP pode desenvolver o espetáculo procurando promover esforços comunicativos embasados no sensacional, ou seja, atos que diferem do cotidiano, preocupando se em garantir que estas ações não tenham caráter alienador, e atinjam ao publico que se destina com eficácia. O RP pode desenvolver também ações de mobilização social promovendo a relação dialógica entre as partes, estreitando os laços, caracterizando assim a dimensão festiva, além de poder optar por um apelo racional, divulgando os aspectos lógicos da problemática. Sabe - se que as ações de M. S. são a somatória de suas dimensões, exatamente neste contexto insere-se os profissionais de Relações Públicas que estrategicamente a partir deste raciocínio conduzirão os esforços comunicacionais para alcançar os fins.

Fonte:
Antônio Lino em entrevista & Bernado Toro.
Conteúdo extraído e sintetizado do estudo sobre mobilização social proposto pelas mesmas alunas.

Um comentário:

  1. Visão clara e lúcida do Antônio Lino. Obrigado por compartilharem, Helma Rodrigues e Mariana Costa!

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