quinta-feira, 30 de abril de 2009

Assessoria de imprensa e a relevância das técnicas jornalísticas

por Frederico

A partir do momento em que as instituições sentem a necessidade de estabelecer sistemas de comunicação com seus públicos, surge a assessoria de imprensa. Lopes (pág. 11, 2003), cita o conceito de Kopplin e Ferrareto, associando-o a dois aspectos fundamentais: “a necessidade de divulgar opiniões e realizações de um indivíduo ou grupo de pessoas e a existência de um conjunto de instituições conhecido como meios de comunicação”.

Os Estados Unidos constituíram papel fundamental na criação do ofício. Não por acaso, é o país onde surgiram as grandes corporações, designando as sociedades industriais modernas. A partir de 1920 surgiram empresas do setor químico, do aço e do metal-mecânico na região, todas com demandas para relações públicas e, posteriormente, assessoria à imprensa.

A industrialização e o início dos conglomerados de notícias, ainda nas décadas de 1920 e 1930, além de aspectos políticos e sociais, colaboraram para o surgimento dos departamentos de relações públicas. Com a consolidação da importância do papel destas práticas e suas atividades envolvendo empresas, governos e sociedade, surge, em meados da década de 1940, a assessoria de imprensa. “Os primeiros escritórios contemporâneos de assessoria de imprensa nasceram dentro das corporações e dos gabinetes governamentais” (Lorenzon / Mawakdiye - 2003). A atividade, no entanto, viria a extrapolar limitações estatais e ganhar editorias científicas e culturais, tornando-se fundamental para a comunicação entre qualquer companhia e sociedade.

Se no início era confundida com os departamentos de relações públicas ou marketing e propaganda, a assessoria de imprensa firmou-se como prática de cunho noticioso e ganhou autonomia nos anos seguintes. “O jornalista é mais apto a desenvolvê-la, ou então um misto entre jornalismo e relações públicas, pois é necessário o faro jornalístico, assim como aspectos de relações humanas”, afirma Franklin Brito Araújo, 39, publicitário.

Para o exercício dessa atividade é necessário o domínio de técnicas jornalísticas, pois lida diretamente com os meios e veículos de comunicação noticiosos. “É um dos quatro blocos de referência para o exercício do jornalismo, ao lado dos meios impressos, da TV e do rádio” (Lopes, Boanerges – 2003). A utilização de critérios de noticiabilidade como factualidade, ineditismo e abrangência é, portanto, necessária.

A técnica jornalística atualmente não deve ser aplicada apenas aos meios impressos e eletrônicos tradicionais. “Tem que ter conhecimento sobre a internet e novas mídias, agora mais do que nunca. Já não é aquela coisa entre veículos apenas, o papel das redes sociais também é importante”, complementa o publicitário Araújo.

A utilização da internet é ascendente em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do Ibope, a rede possuía 800 mil usuários em 1995 e em 2002 o número se aproximava da casa dos 6 milhões. Atualmente, a rede facilita o exercício das atividades de assessoria de imprensa. “A maioria das instituições mantém portais com enorme massa de informações e serviços, num fluxo permanente” (Lorenzon / Mawakdiye - 2003). Esse fluxo facilita então, o trabalho de assessores e jornalistas, pois mesmo que não seja a intenção original, as informações publicadas servem como sugestões de pautas.

As organizações se comunicam, através do trabalho de assessoria, com diferentes setores sociais. Entre eles, destacam-se empregados e familiares (público interno), clientes, consumidores, acionistas, fornecedores, governos, instituições financeiras, formadores de opinião e a sociedade de modo geral. Entre os produtos de uma assessoria de imprensa estão o plano de mídia, follow up, briefing, clipping, press kit, banco de pautas, mailing, nota, artigo e release.

Boanerges Lopes, no livro “O Que é Assessoria de Imprensa” (2003), sugere um guia de rotinas básicas, com atividades que um assessor de imprensa deve verificar constantemente. Embora deva ser adaptado a especificidades de cada instituição e não inclua mídias digitais, ajuda a orientar o profissional. Seu formato é o seguinte:

Atividades diárias:

1. Leitura de jornais, revistas e publicações dirigidas.
2. Escuta de rádio e televisão (se houver).
3. Notícias publicadas hoje podem gerar:
- pauta;
- release de opinião;
- comunicado;
- nota para agenda;
- entrevistas em rádio e televisão;
- evento especial;
- informações para clientes
4. Existem notícias de interesse da empresa de assessoria?
- subsídio para atividades futuras;
- pode gerar visitas para prospecção de clientes;
- merece alguma iniciativa especial de comunicação
5. Atualização dos relatórios de atendimento.
6. agenda dos clientes para o dia.

Atividades semanais:

1. Agenda dos clientes para a semana.
2. Que pautas podem ser utilizadas para os diferentes veículos?
3. Os clientes poderão ser fonte de alguma matéria pautada pela imprensa?
4. Que assuntos dos clientes podem render entrevistas em rádio ou televisão?
5. Que assuntos relacionados aos clientes podem render notas especiais para colunistas?
6. Estabelecer cronograma com as novas atividades que vão ser postas em execução.
7. Marcar reuniões com os clientes para discussão, pauta, elaboração de matérias e avaliação de resultados.

Atividades mensais:

1. Relações de imprensa (mailing).
2. Calendário de eventos e datas comemorativas do próximo mês.
3. Atividades realizadas atingiram os objetivos propostos?
4. Definir objetivos para o próximo mês.
5. Definir cronograma básico mensal.

Segundo profissionais do meio, a quantidade de peças acumuladas em mesas de redação é muito alta e são descartadas de imediato, caso não atendam a certos pré-requisitos. O domínio da técnica e da linguagem jornalística torna-se, portanto, fundamento básico para o exercício da redação no contexto de assessoria à imprensa.

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