quinta-feira, 30 de julho de 2009

A Relação Distorcida da Comunicação com o Meio Ambiente

Por: Alam de Oliveira Silva

Depoisde algum tempo sem postagens a Revista Cristal RP volta a ativa. E o tema escolhido para iniciar o segundo semestre de 2009 é a relação do meio ambiente e da comunicação.

“Só existem dois dias do ano em que não podemos fazer nada. O ontem e o amanhã.”
Mahatma Gandhi


Nas últimas décadas o apelo da mídia para a conscientização das pessoas sobre as consequências desastrosas às quais o próprio ser humano está se sujeitando ao destruir seu meio ambiente está crescendo como nunca. Junto a esta intimação de criar soluções para os problemas já existentes e minimizar ou eliminar a criação de novos para as gerações futuras resolverem, os veículos de comunicação vêm empregando artifícios estratégicos bastante eficazes: emocional, racional, e até mesmo o “culpacional”, quer dizer, utilizam do sentimento de culpa para exercerem uma coerção psicológica sobre os demais indivíduos do sistema.

Sobre os problemas ambientais, alguns canais de comunicação utilizam uma expressão, talvez errônea: “a culpa é de todos nós!” Não que eu esteja querendo tirar a responsabilidade das pessoas em geral, mas é evidente que quem mais polui, destrói e acaba com as condições do planeta são as nações industrializadas; mostrando desta forma um caráter antiético da comunicação, o de encobrir ou minimizar, maquiando a realidade e principalmente os problemas para conquistar algum interesse particular.

Nos dias atuais, pode-se sentir na pele o desconforto causado pelas mudanças climáticas. Os pesquisadores e cientistas alertam, o efeito estufa também, este, aliás, não se manisfeta por palavras que possam ser expressas, e sim por reações diversas e adversas, que fazem o homem sofrer e, talvez parar para pensar. Partindo deste princípio, os meios de comunicação utilizam a inversão ideológica, ou seja, tomam o resultado como se fosse o seu começo, transmitindo assim, as consequências como causas dos males presentes e futuros.

Retornando à questão da culpa, outro erro que pode ser cometido pelas pessoas é a tentativa de encontrar culpados. Em virtude desta situação pode surgir como consequência um dos maiores males, a suposição de que a solução do problema não cabe a elas; ou que não tenham sequer uma parcela de culpa. Ou ficam ainda projetando belas ações que não são executadas de forma eficaz. Ou pior ainda, pensam que somente suas atitudes não podem mudar o mundo.

Para compreender melhor a relação: meio ambiente e comunicação é interessante entender melhor o significado de comunicação, pois o de meio ambiente já é quase natural na espécie humana. O termo comunicação pode ser definido como sendo o processo de emissão, transmissão e recepção de mensagem. E para se falar sobre comunicação e meio ambiente é mais do que preciso o conhecimento deste sistema: emissor, informação (mensagem a ser transmitida) e receptor. O emissor deve se preocupar em emitir as ideias de forma clara e que atinjam o destinatário integralmente e com o mínimo de ruídos possíveis. O receptor, por sua vez, não pode ser uma figura passiva. Deve receber, entender, analisar e avaliar a informação adquirida para então acontecer o retorno desejado. E para que a informação percorra este ciclo emissor-receptor, é primordial a utilização de um canal para conduzir de maneira eficaz e sem distorção os dados.

Conforme se sabe os veículos de comunicação são compostos por pessoas capitalistas e por estarem inseridos em um planeta, quase todo regido por este sistema econômico não poderiam deixar de desejar o lucro. Por esta razão pregam que as pessoas são o que têm, criando assim um forte espírito consumista nos cidadãos de todo os países. Dessa maneira, manipulam as verdades de maneira a adquirirem benefícios. O que contribui significativamente para tornar o mundo pior do que já é.

É interessante lembrar que o profissional de comunicação deve (em tese) manter o caráter ético da profissão. E como parte deste princípio, ele deve ser imparcial, realista e honesto com seu público receptor. Todavia esta seria a principal obrigação dos meios de comunicação, seria, pois hoje não é mais! Atualmente a maior preocupação como já dito anteriormente é o lucro.

Cientes da influência que detêm, os veículos de comunicação exercem de modo coercitivo seu poder para impor seus desejos e ideias. Mas somente a mídia não pode solucionar o problema, visto que não há como resolver um problema que é, em sua essência, global, sem uma ampla cooperação internacional. Por isto é o que o homem tem de acordar e agir, mas não pode esperar muito, pois se existe uma hora para começar, é agora.

Para concluir, analiso um excerto retirado do jingle da campanha de um candidato à vaga de senador do Rio Grande do Sul em 1989, trecho que talvez todos devessem levar a sério:

“[...] Esta terra é nossa, terra de nossos pais.
E o que agente fizer dela, é o que fica para nós![...]”

Ainda que pensarmos apenas em nós mesmos seja mais um tipo de atitude egoísta, pelo menos protegeria o planeta. E o essencial seria realizado, cada um agindo sem preocupar com ação dos outros. Desta forma o meio ambiente seria melhor. Agindo assim, exerceríamos a máxima de que os fins justificam os meios. Neste caso realmente justificam.

(Publicado no Blog Revolução 29 (http://revolucao29.blogspot.com/) no dia 30 de julho de 2009)

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